4G+ e 4,5G, quais as vantagens e quando chega o 5G?
Desde que surgiu a primeira rede de telemóveis em Portugal (estamos a falar já depois dos famosos telefones de mala transportáveis) que tem havido um crescimento e evolução ao nível da cobertura e capacidade da rede.
A estratégia passou por colocar no mercado um telemóvel acessível a todas as pessoas e, desde então, a evolução tem sido constante. Com o lançamento do primeiro iPhone, a Apple abriu as portas a uma nova revolução. Surgiu depois o Android, e o mercado adoptou os smartphones como uma ferramenta de trabalho mas também de lazer.
Com os smartphones, vem a capacidade de novos conteúdos, abrem-se as portas a uma série de startups, empresas dedicadas às aplicações, jogos, ferramentas de trabalho. E a evolução continua. Todos os anos, mais do que uma vez por ano, as marcas lançam para o mercado aparelhos mais potentes, com capacidades muito próximas daquilo que um computador já consegue fazer.
Por isso, a par das funcionalidades do aparelho em si, atualmente, a rapidez de acesso a dados talvez seja aquilo que mais pesa na decisão dos consumidores. Já ninguém quer saber de velocidades com Mbps, o pensamento viaja ao nível dos Gbps.
Smartphones cada vez mais rápidos, conteúdos com mais definição, e a rede a precisar de se adaptar a toda esta evolução. Apenas como exemplo, e talvez exagerando um pouco, esperar mais de 5 segundos para ver um conteúdo no smartphone é uma eternidade. E esta exigência estende-se a conteúdos de alta definição. Tudo tem de ser mais rápido, cada vez há menos tolerância para tempos de latência que, parecendo longos, atingem milissegundos.
Sem entrar em muitos pormenores sobre o passado (já passámos pelo GSM, 2G, 3G) atualmente o acesso mobile é feito através da rede 4G que permite velocidades de acesso até 150 Mbps. Através do reforço e duplicação das portadoras, é possível chegar a débitos na ordem dos 300 Mbps. A isto chama-se 4G+. Uma tecnologia que, neste momento, tem uma cobertura de cerca de 60% do território nacional e que deverá, no caso da rede MEO, chegar aos 70% até ao final de 2018. Mas há testes para implementar a rede 4,5G que permite velocidades perto de 1 Gbps através da rede móvel.
E é na velocidade, essencialmente, que existe essa diferença de designações relativamente ao 4G+ e 4,5G e que, por vezes, lança alguma confusão. A explicação é simples.
O primeiro teste de 4,5G em ambiente real foi realizado durante a Web Summit com a velocidade a chegar aos 970 Mbps. Velocidades que vão ao encontro das exigências dos utilizadores e do atual panorama onde a quantidade de conteúdo gerado pela comunidade é constante.
E o 5G?
Apesar de velocidades próximas de 1 Gbps, isso não chega. Estamos a viver em pleno o HD, o 4K, as promessas do 8K. Esta exigência dos consumidores é implacável.
Além disso, é preciso contar com os períodos de latência que atualmente impedem uma boa comunicação com aparelhos de maior precisão. São milissegundos que fazem toda a diferença em atividades como controlar um trator através de uma rede sem fios ou efetuar uma operação remotamente, com recurso a um robot de precisão.
Hoje em dia, a única garantia de latência praticamente zero é a ligação por fibra óptica. Algo que será colmatado pela rede 5G que a Europa pretende ter implementada até 2020.
Um investimento avultado e algo moroso, mas crucial, que os operadores terão de fazer para alterar a infraestrutura. Por isso, o horizonte da UE de 2020 para que esta rede esteja a funcionar (não significa com cobertura total). No entanto, há países que, estando mais atrasados do que Portugal, por exemplo, no que diz respeito à distribuição do serviço de Internet por fibra, como a Alemanha, querem acelerar a implementação do 5G.
Portugal, com a adopção do 4G+ e do investimento no 4,5G está já a fazer uma parte do caminho.
Esta rede 5G será mais potente, com velocidades que podem ir entre 10Gbs e os 20 Gbps, e irá essencialmente servir para resolver muitos dos problemas que existem ao nível da comunicação no mundo da Internet das Coisas que exige comunicações e resposta imediata através das redes sem fios, como os carros autónomos, por exemplo.
"A quantidade de dados que um carro da Tesla envia por segundo para a central é enorme e com a rede 4G ainda sofre com alguma latência. Com o 5G, e com a latência praticamente de um milissegundo, pode haver respostas mais rápidas e travagens de segurança com maior precisão", refere João Figueiredo, responsável pela Rede de Acesso Móvel MEO.
E, tal como refere, "numa primeira fase, serão as empresas quem vai beneficiar mais com a rede 5G, uma vez que a velocidade de dados já é, atualmente, bastante boa para os utilizadores". No entanto, quando se sabe que pode ser mais rápido, exige-se essa rapidez.
Por isso, o 5G impõe-se para melhorar o acesso mobile e para permitir que, tal como sucede hoje, as chamadas sejam mais constantes mesmo quando estamos em viagem. Em Portugal já nem é muito comum a chamada cair a meio de uma viagem de carro (sucede em algumas zonas com menor cobertura) mas em Bruxelas, por exemplo, numa viagem de comboio, é raro encontrar alguém que não se queixe das quebras constantes das chamadas que estão a ser realizadas.
Portugal, tirando também partido da sua dimensão, tem sido um exemplo na Europa e essa é uma das razões para o lançamento da rede 4G+ e 4,5G. No fundo, é uma espécie de preparação para o 5G mas usando a mesma infraestrutura, melhorando o sinal através da duplicação das portadoras.